centro islâmico do rio grande do sul | mesquita abu bakr
projeto final de graduação - ufrgs
ganhador do prêmio opera prima 2010
indicado para o archiprix international 2011
O Islamismo, apesar de pouco conhecido e cercado de preconceitos no mundo ocidental, é a fé de um número cada vez maior de brasileiros, com uma expressiva comunidade no Rio Grande do Sul. Porto Alegre conta, desde a década de 90, com um centro islâmico que reúne algumas centenas de seguidores. Esse local, uma sala comercial no centro da cidade, dispõe de área insuficiente para o programa e localização inadequada para as atividades religiosas.
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Propõe-se, assim, um novo centro islâmico, com os seguintes objetivos: prover à comunidade muçulmana gaúcha um espaço adequado para culto, convívio e confraternização; permitir a interação cultural desta com a sociedade como um todo; e legitimar a sua presença como parte integrante da cultura rio-grandense, tornando-a visualmente reconhecível através de uma construção arquitetônica simbólica.
O sítio escolhido reflete a ambiguidade do programa, dividido em atividades religiosas e culturais, pois combina a tranquilidade para meditação e oração com a visibilidade e acessibilidade exigidas por um centro que pretende ser ícone e embaixada de uma cultura. Junto ao Parque Farroupilha - grande praça cívica da cidade -, ele corrobora com a ideia de uma religião que abriga seus fiéis e se abre para a comunidade.
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Essa dualidade se faz presente também na divisão do terreno e no partido arquitetônico decorrente: a mesquita com seu jardim, espaço de abluções e apoio correspondendo à parte mais reservada; e o prédio cultural com auditório, biblioteca, sala multiuso e casa de chá na porção mais pública do lote, disposto ao longo da avenida. O projeto assim descortina-se à medida que é percorrido, a começar pela fachada de muxarabis, primeiro filtro em relação à cidade. O centro cultural é o grande hall do projeto e a partir dele distribuem-se atividades voltadas à comunidade em geral, enquanto o acesso à mesquita é mais reservado e atravessa o jardim com as 5 árvores que simbolizam os 5 pilares da religião islâmica.
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Todas as formas são prismas puros, especialmente o templo, um cubo, que remete à cúpula tradicional. Essa limpeza conceitual e arquitetônica potencializa o caráter simbólico do projeto. Por este motivo, o estacionamento é subterrâneo e não cria nenhum volume excedente ou anteparo visual. Clareza plástica e despojamento alinham-se com a criação de níveis de privacidade e reclusão, respondendo a um traço da cultura muçulmana – que nunca é explícita, mas vai se revelando aos poucos.
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A particularidade do projeto é justamente o entendimento e respeito às tradições e rituais e a sua releitura para uma construção do século XXI. O giro do templo deve-se ao seu alinhamento com a cidade sagrada de Meca, para onde os fiéis se direcionam nas suas 5 orações diárias. Partes tradicionais das mesquitas, como cúpula e minaretes, são reinterpretados; o ornamento é pensado como elemento arquitetônico; e os três únicos ítens indispensáveis no templo muçulmano - qibla, mihrab e minbar - são trazidos à sua essência, reportando à austeridade da mesquita original e à simplicidade da mensagem religiosa.
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2009
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